Viram-no, juravam, em todos os lugares. Se bem que sua aparência era assustadora, sem dúvida, diziam, era ele, era Carlos Gardel. As roupas em frangalhos, o cabelo castanho escuro, que ele sempre trazia impecavelmente engomado, estava chamuscado e em desalinho, parecia um torto. Mas quando o farrapo se punha a cantar, dedilhando a guitarra, tendo ao fundo um bandonéon e um par de violões, o público, em Bogotá, em Caracas, em Montevidéu, no Porto Rico, no Rio de Janeiro, ou na Corrientes com Paissandú, esquecido do seu rosto queimado e da sua aparência de além-túmulo, se convencia: era Carlitos, sim, quem estava no palco. A sua voz impressionante, inesquecível, não deixava um só espaço da bodega ou da taverna sem sua presença. Comoviam-se, pois tudo indicava que ele saíra vivo do acidente aéreo na Colômbia. A imprensa mentira ao noticiar o infausto de Medelin, pois Carlos Gardel estava ali, vivíssimo.
Fonte:http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/gardel2.htm
Formatação e pesquisa: Helio Rubiales
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